Junho é mês de quentão, canjica, arroz-doce... e quadrilha, que além de
comidas e brincadeiras típicas, comemora uma tradição católica em que são
celebrados os dias de São João, Santo Antônio e São Pedro.
Comemorar o mês de junho é um hábito antigo em várias partes do mundo.
Antes do nascimento de Jesus, os povos pagãos do Hemisfério Norte celebravam o
solstício de verão, o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que, lá,
acontece em junho. As festas ocorriam para pedir aos deuses a fertilidade da
terra e garantir boas colheitas nos meses seguintes.
Com o avanço do Cristianismo, a Igreja incorporou a tradição e, no século
6, os ritos da festa do dia do solstício, em 21 de junho, passaram para o dia
do nascimento de São João Batista, em 24 de junho. Mais tarde, no século 13,
foram incluídas no calendário litúrgico as datas comemorativas de Santo Antônio
(dia 13) e São Pedro (dia 29). É por isso que esses três santos são os
padroeiros das festas juninas!
Essa festividade, trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses,
ficou popularmente conhecida como Festa Junina que, além de muita
diversão, também representam um sinal de devoção aos Santos celebrados neste
importante mês do calendário da Igreja católica.
O curioso é que os índios que
habitavam o território brasileiro também tinham rituais ligados à agricultura
muito semelhantes, com cantos, danças e muita comida. Com a chegada dos
jesuítas portugueses, esta tradição indígena foi fundida com o caráter
religioso.
Tudo começou com
Santo Antônio, celebrado no dia 13 de junho, sendo popularmente chamado de
“santo casamenteiro”, por ter ajudado moças pobres a conseguirem os dotes para
o casamento. É um dos Santos mais conhecidos de Portugal, tendo sido um
religioso da Ordem Agostiniana e, depois, Franciscana. Contemporâneo a São
Francisco de Assis, foi designado por este a ser responsável pela formação dos
frades, dada sua capacidade intelectual e conhecimento teológico.
Nasceu em
Lisboa, em 1195, e foi batizado com o nome Fernando de Bulhões. Em 1220, trocou
o nome para Antônio, ingressando na Ordem Franciscana. É o santo junino com
maior apelo popular e também é conhecido como o Padroeiro dos pobres e
considerado o santo casamenteiro, sendo também invocado para achar objetos
perdidos.
Vale destacar
que, até hoje, permanece a tradição da entrega do pão no dia de Santo Antônio,
uma grande devoção popular de abençoar o pãozinho de Santo Antônio, que os
fiéis levam e colocam na vasilha de trigo, arroz ou de outro alimento na casa,
na confiança de que Santo Antônio nunca deixará o pão de cada dia faltar sobre
as mesas.
Na verdade, os
pães distribuídos no dia de Santo Antônio também nos ensinam a importância da
partilha. Se o amor de Cristo continuar tocando nosso coração, como tocou o
coração de Santo Antônio, aprenderemos que o pão dá para todos.
Além dos templos levantados sob sua
invocação é raro encontrar uma igreja que não tenha uma imagem sua.
Segue
o Dia
de São João, o “santo festeiro”, que é comemorado
no dia 24 de junho, dia do seu nascimento. São João Batista, cujo nome João
significa “Deus dá a graça”, foi o precursor de Jesus. Ele se alegrou com
a chegada do Messias, ainda no ventre de sua mãe, Isabel, quando esta recebeu a
visita de Maria em sua casa. Além de ter batizado Jesus, São João era seu primo
e o primeiro a reconhecer Jesus como o Messias.
É
importante lembrar que a devoção a São João e a Santo Antônio é popular devido
aos portugueses, afinal, "João" foi o nome de vários reis de Portugal
que faziam construir uma capela para honrar seu padroeiro. Ele é o único dos
Santos que tem o dia do nascimento, e o dia da morte celebrados, pois os demais
santos têm apenas o dia da morte rememorado.
E, por fim, dia 29 de junho, temos a festa de São Pedro que é uma das
mais comemoradas entre as chamadas “festas juninas”. Neste dia, além da Festa
junina católica em honra a São Pedro, também se celebra o Dia do Papa. Lembrando que esta data
também é conhecida como o Dia
de São Paulo por essa ser a data da morte dos dois santos.
São Pedro foi apóstolo de Cristo, um de seus
primeiros discípulos e o primeiro a professar a fé no Cristo. É considerado o
fundador da Igreja Cristã em Roma e o seu primeiro papa. Pedro foi morto e
crucificado de cabeça para baixo, segundo seu desejo, pois não se considerava
digno de morrer como seu mestre. Seu túmulo se encontra sob a catedral de S.
Pedro, no Vaticano, e é autenticado por muitos historiadores.
Como
São Pedro é padroeiro dos pescadores, as cidades costeiras do Brasil quase
sempre têm uma capela em sua homenagem, o que contribui para a popularização da
festa.
Esta
data, 29 de junho, ainda é considerada o
Dia
do Papa, pois São Pedro, segundo os católicos, foi o primeiro Papa da
Igreja, além de ter sido o que permaneceu por mais tempo com esse título — 37
anos.
Vale dizer que,
no Brasil, além das paróquias realizarem grandes festejos juninos em honra a
Santo Antônio, São João Batista, São Pedro e São Paulo, a região Nordeste é o
destaque na realização da Festa junina católica.