[...] Se queremos que nossa vida tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: BOTE FÉ e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; BOTE ESPERANÇA e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; BOTE AMOR e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. BOTE FÉ, BOTE ESPERANÇA, BOTE AMOR! [...]
—Papa Francisco, 5/07/2013, Praia de Copacabana, Brasil.

Papa Francisco: Educar, tarefa que Jesus coloca nas mãos dos professores.


Em homenagem ao Dia dos Professores, celebrado no dia 15 de outubro, abaixo publicamos um texto do livro do Papa Francisco:  Educar: Exigência e Paixão — Desafios para educadores cristãos.

Fiel representante da Companhia de Jesus – que alastrou o sistema educacional mundo afora por meio das missões jesuíticas e da implantação de colégios e universidades –, o cardeal Jorge Bergoglio é um entusiasta da educação não apenas como meio de acompanhar o passo da sociedade, mas também de transformá-la. 

O Papa Francisco deixou um extenso legado às comunidades educacionais, tanto cristãos quanto seculares, quando ainda era arcebispo de Buenos Aires, na Argentina. Em seus escritos, o Santo Padre propõe a reflexão sobre a situação do sistema educacional hoje, em todo o mundo. Mais do que refletir, o Papa incentiva os leitores a abraçarem a educação como um bem que pode salvar o mundo, já que é capaz de mudar pessoas.

Vale citar que muitas de suas reflexões têm como base a realidade educacional da Argentina, mas a abordagem do Papa Francisco pode ser facilmente aplicada em qualquer país – particularmente no Brasil, devido às semelhanças históricas entre os dois países.

“ Temos uma obra de amor: educar. Educar é dar vida. Mas o amor é exigente. Exige o comprometimento dos melhores recursos, as vontades não ciclotímicas, despertar a paixão e com paciência colocar-se no caminho.

Nossas escolas são âmbitos privilegiados de encontros entre pessoas. Cada homem e mulher é único, é inalienável e insubstituível; é essa singularidade que deve inspirar a harmonização em um plano superior nas tensões inevitáveis dos momentos de crise.

São também um lugar propício para a criação de experiência de vida orientada para o encontro e a solidariedade, expressão mais próxima do que é ser comunidade.

Que cada pessoa que se una ao projeto para exercer seu papel de educador o faça em plena sintonia com o ideário, com disposição ao trabalho em comum, assumindo com responsabilidade o espaço que lhe cabe. E assim, cada um com suas peculiaridades, tornará a troca mais rica, servindo a um projeto maior e persistente. O projeto que é o de Deus para o homem.

Uma atmosfera especial deve reinar. Marcada pela busca da sabedoria. Com seriedade acadêmica, siga espalhando a rica e variada informação científica, mas favorecendo a integração do saber. 

Tarefa difícil que deve ser acompanhada por duas ações: ajudar a investigar a fundo, desenvolvendo a capacidade de ver além, de captar os sinais e alusões escondidos nas coisas e nos acontecimentos; e em tudo o que esteja relacionado, possibilitar o foco e a síntese da cosmovisão católica do mundo e da história. Acreditamos que uma maior cooperação interdisciplinar entre as ciências e a teologia seja urgente, facilitando a contemplação da sinfonia da criação.

Caros educadores: como é grande a tarefa que Jesus coloca em suas mãos. Cultivem sua personalidade, transmitam com seu ser um estilo, uma certeza. Não se entreguem à tentação de fracionar a verdade.

Que os pais e mães não duvidem das capacidades dos alunos, nivelando por baixo, por meio do consenso negociador, do pacto demagógico, permitindo o cotidiano 'relaxado'. Que ensinem o amor por Jesus Cristo a seus filhos.

Mostrem o esplendor da verdade que aparece para aquele que sabe ver, emergindo de cada canto da natureza ou das obras dos homens.

Passem ideias iluminadas para que, de posse delas, orientem os jovens e as crianças pelos campos da vida. Ajudem a criar laços e vínculos com pessoas, ideias e lugares,  porque o crescimento vem com a criação de pertenças. Aceitem o esforço de se manterem de pé, superando os obstáculos.

Tenham amor pela verdade, pelo bem e pela beleza. Não caiam na tentação do fácil, que os tornam fracos. Saibam que, em uma existência sem transcendência, as coisas se tornam ídolos e os ídolos se tornam demônios que assolam e devoram as pessoas que pretendiam desfrutá-las.

Caros diretores e todos aqueles que têm responsabilidades de direção: meus melhores desejos para sua gestão, que tanta importância tem para o caminho de suas escolas.

Às vezes, a carga se torna pesada. Vocês não estão sozinhos. Cuidem com amor e idoneidade de cada indivíduo e do conjunto, e sentirão, no momento certo, a suavidade de uma Presença que lhes dará apoio e ânimo.

Estejam atentos ao alimento que repartem em suas casas. Não existe memória melhor do que a do aluno agradecido. Com a força que vem do alto, com todo o meu afeto, quero desejar a todos os membros de nossas comunidades educativas como o Apóstolo:

Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos.

O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco.” 

Fonte:
Texto do livro Educar: Exigência e Paixão — Desafios para educadores cristãos
Jorge M. Bergoglio — Papa Francisco

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