[...] Se queremos que nossa vida tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: BOTE FÉ e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; BOTE ESPERANÇA e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; BOTE AMOR e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. BOTE FÉ, BOTE ESPERANÇA, BOTE AMOR! [...]
—Papa Francisco, 5/07/2013, Praia de Copacabana, Brasil.

Princesa Isabel e sua devoção a Nossa Senhora Aparecida

As romarias cantantes em grupos alegres constituem o culto lírico, místico e cheio de fé a Nossa Senhora Aparecida.  Elas iniciaram com a notícia dos milagres de Nossa Senhora surgida no rio Paraíba em outubro de 1717 e suas graças concedidas ecoaram pelas serranias.  Com isso começaram a afluir romarias a pé, a cavalo em tropas, em carros de boi e romarias com sacerdotes, magistrados, Altezas Imperiais, religiosos, militares, etc.

Conta-se que entre os inúmeros devotos de Nossa Senhora Aparecida que se ajoelharam aos seus pés, esteve o próprio Dom Pedro, quando de sua viagem a São Paulo, em 1822. Afirma-se que ele ali estivera e fizera as suas preces e com estas o voto de proclamar Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil.

De fato, são muitas as histórias e manifestações de fé, luz e do amor dedicados à Padroeira do Brasil por seus devotos.  Entre outras, selecionamos uma história muito bonita, conhecida por poucas pessoas, da Princesa Isabel com Nossa Senhora Aparecida, em homenagem aos 172 anos (29/07/1846) da Princesa Isabel. 

Conta a história que a  princesa Isabel era devota fervorosa de Nossa Senhora Aparecida e tinha o sonho de ser mãe de um menino para que herdasse o trono da realeza. Na ânsia de ser mãe a princesa Isabel sofreu vários abortos e a primeira gravidez que conseguiu levar até os nove meses foi frustrante porque resultou no nascimento de uma menina morta, após um trabalho de parto difícil  e muito doloroso de 50 horas com  quatro obstetras.

Apesar de ser um  momento muito doloroso e triste, a princesa Isabel era muito persistente e como devota de Nossa Senhora Aparecida, em suas orações  pedia com muita fé que a Santa lhe concedesse um filho e costumava adornar com flores frescas, a Igreja de Petrópolis ( RJ) onde morava.

Foi com muita fé e persistência que a princesa Isabel conseguiu realizar o sonho de ter um filho, após 11 anos de casada, certamente algo milagroso, não natural pelos seus antecedentes.  Assim, no dia 15 de outubro de 1875, após 13 horas de trabalho de parto, deu à luz ao herdeiro do trono: D. Pedro de Alcântara. O menino nasceu asfixiado e em consequência sofreu lesões no braço esquerdo, que ficou paralisado e esse problema lhe rendeu o apelido de Mão seca. Nos anos seguintes a realeza brasileira ganhou outros dois herdeiros, D. Luiz Maria e D. Antonio.

A princesa como forma de agradecimento, durante o Império, por duas vezes, foi ao encontro de Nossa Senhora Aparecida para lhe oferecer régios presentes. Em dezembro  de 1868, ofereceu-lhe um manto com 21 pedras preciosas, uma para cada Estado Brasileiro e,  em 6 de novembro de 1884, ofereceu-lhe uma coroa de ouro de 24 kilates cravejada de 40 brilhantes, com 14 centímetros de altura e 11 de largura,  a mesma com que a imagem foi coroada Rainha do Brasil em 1904 e que permanece com a Santa em aparecida, até hoje.

A história de Aparecida tem outro fato curioso sobre a princesa Isabel que, Segundo a história, no ano de 1857, o escravo Zacarias fugiu de Curitiba e veio para Bananal, cidade de São Paulo, mas ao ser perseguido pelos “caçadores de escravos” da região sul até a sudeste, acabou sendo preso e algemado.

Ao passar pela Capela de Aparecida, pediu ao feitor a licença de ver a pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida uma “última vez”.  Ao rezar e fazer o seu pedido  de clemência por liberdade, o escravo se ajoelhou e ergueu os braços algemados e fez a prece. Os grilhões dos pés, das mãos e do pescoço milagrosamente se partiram e a corrente caiu, tinindo no chão. Foi um dos primeiros milagres conhecidos de Nossa Senhora Aparecida a correr pelas vilas vizinhas e pela província.

Com o milagre da libertação de Zacarias, todos os escravos tinham a esperança de também serem libertos. Tanto que um outro escravo conseguiu autorização do feitor para entrar na Capela , rezar e fazer o mesmo pedido, só que a corrente não se abriu. Decepcionado ele rezou tristemente e cheio de fé levantou-se e descendo a antiga Rua da Calçada, hoje Ladeira Monte Carmelo, viu a comitiva da Princesa. O escravo ajoelhou-se e pediu sua bênção e misericórdia. Ela ordenou que o escravo fosse posto em liberdade.

As correntes não caíram no chão como o do escravo Zacarias, mas Nossa Senhora fez com que a princesa fosse tocada pelo gesto do escravo e lhe concedesse a libertação.

Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a lei Áurea que aboliu a escravidão  e, por esse motivo,  o Papa Leão XIII lhe concedeu a Rosa de Ouro, em 28 de setembro de 1888. A princesa foi a única brasileira a receber a rosa de ouro. Os outros dois exemplares foram dedicados ao Santuário  Nacional de Aparecida pelos Papas Paulo VI em 1965 e Bento XVI em 2007.

Após 32 anos de desterro, a princesa faleceu em Paris no dia 14 de outubro de 1921. 

Tags: