As romarias cantantes em grupos alegres
constituem o culto lírico, místico e cheio de fé a Nossa Senhora Aparecida. Elas iniciaram com a notícia dos milagres de Nossa
Senhora surgida no rio Paraíba em outubro de 1717 e suas graças
concedidas ecoaram pelas serranias. Com
isso começaram a afluir romarias a pé, a cavalo em tropas, em carros de boi e
romarias com sacerdotes, magistrados, Altezas Imperiais, religiosos, militares,
etc.
De fato, são muitas as histórias e manifestações
de fé, luz e do amor dedicados à Padroeira do Brasil por seus
devotos. Entre outras, selecionamos uma
história muito bonita, conhecida por poucas pessoas, da Princesa Isabel com Nossa
Senhora Aparecida, em homenagem aos 172 anos (29/07/1846) da Princesa
Isabel.
Conta a história que a princesa Isabel era devota fervorosa
de Nossa
Senhora Aparecida e tinha o sonho de ser mãe de um menino para que
herdasse o trono da realeza. Na ânsia de ser mãe a princesa Isabel sofreu
vários abortos e a primeira gravidez que conseguiu levar até os nove meses foi
frustrante porque resultou no nascimento de uma menina morta, após um trabalho
de parto difícil e muito doloroso de 50 horas com quatro obstetras.
Apesar de ser um momento muito doloroso e triste, a princesa
Isabel era muito persistente e como devota de Nossa Senhora Aparecida,
em suas orações pedia com muita fé que a
Santa lhe concedesse um filho e costumava adornar com flores frescas, a Igreja
de Petrópolis ( RJ) onde morava.
Foi com muita fé e persistência que a princesa
Isabel conseguiu realizar o sonho de ter um filho, após 11 anos de
casada, certamente algo milagroso, não natural pelos seus antecedentes. Assim, no dia 15 de outubro de 1875, após 13
horas de trabalho de parto, deu à luz ao herdeiro do trono: D. Pedro de
Alcântara. O menino nasceu asfixiado e em consequência sofreu lesões no braço
esquerdo, que ficou paralisado e esse problema lhe rendeu o apelido de Mão
seca. Nos anos seguintes a realeza brasileira ganhou outros dois herdeiros, D. Luiz
Maria e D. Antonio.
A princesa como forma de agradecimento,
durante o Império, por duas vezes, foi ao encontro de Nossa Senhora Aparecida
para lhe oferecer régios presentes. Em dezembro de 1868, ofereceu-lhe um
manto com 21 pedras preciosas, uma para cada Estado Brasileiro e, em 6 de novembro de 1884, ofereceu-lhe uma
coroa de ouro de 24 kilates cravejada de 40 brilhantes, com 14 centímetros de
altura e 11 de largura, a mesma com que
a imagem foi coroada Rainha do Brasil em 1904 e que permanece com a Santa em
aparecida, até hoje.
A história de Aparecida tem outro fato
curioso sobre a princesa Isabel que, Segundo a história, no ano de 1857, o
escravo Zacarias fugiu de Curitiba e veio para Bananal, cidade de São Paulo, mas
ao ser perseguido pelos “caçadores de escravos” da região sul até a sudeste,
acabou sendo preso e algemado.
Ao passar pela Capela de Aparecida, pediu
ao feitor a licença de ver a pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida
uma “última vez”. Ao rezar e fazer o seu pedido de clemência por liberdade, o escravo se
ajoelhou e ergueu os braços algemados e fez a prece. Os grilhões dos pés, das
mãos e do pescoço milagrosamente se partiram e a corrente caiu, tinindo no
chão. Foi um dos primeiros milagres conhecidos de Nossa Senhora Aparecida a
correr pelas vilas vizinhas e pela província.
Com o milagre da libertação de Zacarias, todos os escravos tinham a
esperança de também serem libertos. Tanto que um outro escravo conseguiu
autorização do feitor para entrar na Capela , rezar e fazer o mesmo pedido, só
que a corrente não se abriu. Decepcionado ele rezou tristemente e cheio de fé levantou-se
e descendo a antiga Rua da Calçada, hoje Ladeira Monte Carmelo, viu a comitiva
da Princesa.
O escravo ajoelhou-se e pediu sua bênção e misericórdia. Ela ordenou que o
escravo fosse posto em liberdade.
As correntes não caíram no chão como o do
escravo Zacarias, mas Nossa
Senhora fez com que a princesa fosse tocada pelo gesto do
escravo e lhe concedesse a libertação.
Em 13 de maio de 1888, a princesa
Isabel assinou a lei Áurea que aboliu a escravidão e, por esse motivo, o Papa Leão XIII lhe concedeu a Rosa de Ouro,
em 28 de setembro de 1888. A princesa foi a única brasileira a
receber a rosa de ouro. Os outros dois exemplares foram dedicados ao Santuário Nacional de Aparecida pelos Papas Paulo VI em 1965 e Bento XVI em 2007.
Após 32 anos de desterro, a princesa
faleceu em Paris no dia 14 de outubro de 1921.
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